terça-feira, 13 de agosto de 2019

Aqueles 1%

A minoria preferida pela maioria

Aqueles 1%



Gráfico da Taxa Selic


Como se fosse um número mágico, o percentual de 1% faz parte do “imaginário financeiro” do brasileiro. 


O passado justifica isso. Em setembro de 2.016, nossa SELIC pontuava pouco mais de 14% ao ano ou cerca de 1% ao mês. 

Era o chamado “rendimento nominal”, ganho ilusório que, frente à inflação (INPC) de perto de 8,5%, deixa de saldo, 5% ao ano, bem menos que o “número mágico”. 

Olhe que nem debitei a “parte do leão”. Se fizer isso, o ganho anual, àquela época, seria menor: 3,8%. 

Não existia esse 1%, mensal, de ganho real... 

Mas a ilusão do 1% existia, regada pelo fluxo financeiro, o brasileiro conservador “via” o dinheiro entrando e ignorava a corrosão inflacionária. 

Mesmo com resultados pífios, a ilusão do número mágico trazia conforto. 

Afinal, de uma forma ou de outra, um porcento, mesmo não sendo real, era garantido. Títulos Públicos do Governo Federal, o melhor dos negócios, risco zero. 

Bem, no mundo financeiro, a premissa de premiar o risco significa que, quanto maior o risco de um investimento, maior o prêmio merecido pelo investidor, representado pelos juros recebidos. 

Seria um contrassenso, então, pensar em juros altos com risco baixo mas, era o que havia no Brasil (ou o que as pessoas pensavam que havia). 

Na verdade, a alta taxa de juros, algumas vezes recordista mundial, representava o sintoma de adoecimento do sistema econômico. 

Não representava, ao contrário do que muitos acreditavam, abundância do tesouro nacional, que podia distribuir dinheiro por meio do controle da taxa de juros. 

Atualmente, nosso pais, aos poucos se recupera desse “adoecimento econômico”, enquanto sai da mais longa crise de sua história. 

Ao mesmo tempo, aprende e moderniza seus sistemas econômicos, oferecendo mais segurança e controle mais rígido dos gastos públicos, como o congelamento do teto do endividamento. 

Essas medidas fazem com que a economia, mais enxuta, se aproxime das chamadas “desenvolvidas” e o setor público prescinda de menor investimento, o que se reflete nas taxas pagas, menores. 

Taxas menores e economia mais eficiente aumentam o nível de confiança, tanto no setor público quanto no privado reduzindo o chamado “custo Brasil”. 

Outro efeito salutar é maior volume financeiro disponível para os setores privados da economia, aumentando a oferta e gerando mais empregos. 

Assim, economia mais saudável e moderna, passa representar juros mais baixos e decreta a morte do número mágico: 1%. 

A SELIC despencou do patamar de mais de 14% para os atuais 6, com previsão de chegar a 5% até o final do ano. 

Esses valores são brutos. Tirando a mordida do leão e a corrosão inflacionária, o ganho real fica inferior a 0,5% ao ano. 

Podemos continuar com a visão de Polyanna, satisfeitos com a mágica dos 6%, ou dos 5% ou retirar os óculos que nos fazem ver o mundo em cor-de-rosa e perceber que a mágica tem uma pegadinha. 

Comparar nossos 6% ou 5% com os 2,5% dos Estados Unidos pode alimentar a ilusão, não do 1%, mas de ganhos substanciais, entretanto, o dragão da inflação, aqui, vai corroer a maior parte desse valor. 

Mas, e o risco? Pergunta o investidor receoso... 

O risco já existia. Quando o tesouro nacional pagava taxas que superavam o “mágico” 1% ao mês, o risco Brasil era gigantesco e a diferença, mesmo que não observada nos títulos em si, podia ser mensurada na balança comercial e no câmbio. 

Hoje, o risco está em investir na economia “real”, em deixar de emprestar ao governo e colocar o capital para trabalhar a fim de gerar empregos e aumentar a oferta. 

Segurança verdadeira, em nosso Brasil do futuro, com números de economia moderna, consiste em diversificar os investimentos, criando uma carteira contendo ativos em Renda Fixa, Renda Variável, Fundos de Investimento Multimercado. 

A título de exemplo, a XP Investimentos, em julho de 2019, recomendava para seus clientes de perfil conservador a seguinte carteira: 


A rentabilidade desta carteira, em julho foi de 0,619% contra 0,57% do CDI e da SELIC. Não foram computados 13% da carteira, investida em ativos internacionais. 

O investimento em ativos mundiais é estratégia voltada para proteção de parte do capital contra quaisquer crises ou contratempos que tumultuem o mercado externo. 

Ainda assim, os 7,6%, anualizados, batem em mais de 0,5% os 7,06% dos títulos públicos, isso num mês com SELIC ainda a 6,5%. 

Algum risco é compensado com taxa de retorno mais interessante ou, como dizem, quem não arrisca, não petisca. 

A performance dessa carteira tende, para dezembro desse ano, ser próximo de 2,5% acima dos títulos públicos federais, ou seja, rendimentos 50% maiores! 

Se descontarmos a inflação, esses números melhoram mais ainda: 2,54% de ganho líquido, já descontados os impostos, contra 0,41% dos títulos lastreados em SELIC representando 2,12% acima ou mais de seis vezes o dinheiro ganho “para por no bolso”. 

1% ao mês não faz parte da realidade brasileira e, se a economia continuar se modernizando no mesmo caminho, não fará mais. 

Se você, leitor, pretende ganhos reais com seu capital investido, se deseja financiar seus sonhos fazendo o dinheiro trabalhar para você, não há saída senão abandonar o barco da SELIC ou do tipo de investimento lastreado apenas na SELIC. 

Vou colocar em números, apenas para tornar mais tangível o conceito. 

Considerando um capital de R$ 100.000,00 e as taxas invariáveis, para um prazo de 10 anos, aquele que aplicou na SELIC, a 5%, teria a resgatar o montante de R$ 175.467,36 no final do prazo, brutos, dos quais, descontados R$ 8.608,30 de impostos, resultam em R$ 166.859,06 líquidos. O valor inicial seria corrigido em R$ 57.388,98, para manter seu poder de compra (inflação) então, o ganho real seria R$ 9,470,08. 

Com a carteira de sugestão os valores seriam os seguintes: Resultado bruto: R$ 208.028,44, Rendimento bruto: R$ 108.028,44, IRRF, R$ 16.204,27, resultado líquido: R$ 91.824,17, corrigido o valor de compra do dinheiro, sobram R$ 34.435,19 para “por no bolso”, R$ 24.925,11 a mais ou 3,63 vezes o resultado do outro. 


Números não mentem e a realidade do Brasil mudou e continua mudando. À medida que a economia evolui, se torna mais necessário aprender a investir para que possamos realizar nossos sonhos ou, pelo menos, não perder o nosso dinheiro, fruto suado de nosso trabalho. 


Clovis Vieira 
09 de agosto de 2019

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

O Brasil do Futuro!

O Brasil do Futuro!





Era bastante comum, especialmente depois do chamado “milagre econômico” da década de 70, dizer do Brasil que era “o país do futuro”.

Comparávamos nossos indicadores com os de países ricos e lamentávamos a distância que ainda precisaríamos percorrer para chegar no paraíso econômico.

Ao mesmo tempo, o mercado financeiro criava fortunas para aqueles que investiam em dívida pública, tornando o investimento mais conservador em uma verdadeira “roda viva” com as taxas overnight, com intensidade parecida às visões da antiga bolsa em viva voz.

Alguns números para ponderarmos:

Em outubro de 1997, a taxa de juros (SELIC) estava em 45,90%, contra 5,54% da taxa norte americana.

Descontando a inflação, no Brasil, o ganho real foi de “apenas” 38,40% contra 3,38%, no caso dos Estados Unidos, ou seja, eles pagavam, para quem investia em seus títulos do tesouro, menos de 10% de nossa taxa.

Esse é o Brasil do passado. Pensávamos que, com o desenvolvimento, nossos números chegariam mais próximos daqueles dos países ricos do hemisfério norte.

Atualmente, os Estados Unidos tiveram sua taxa básica de juros estabelecida em 2,25% enquanto nossa SELIC chegou aos 6%, com previsão de atingir 5% até dezembro.

Não é justo comparar as taxas nominais (brutas) então, descontando a inflação prevista nos dois países temos ganho real de 1,83% a.a., no caso brasileiro contra 0,51% a.a. para o americano.

Ainda pagamos mais, mas ao menos estamos entrando na mesma “ordem de grandeza” das taxas de juros, muito especialmente considerando a previsão para o final do ano, que reduzirá o ganho real em juros para 0,86%, no caso brasileiro.

O futuro chegou, pelo menos nessa perspectiva.

O que fazer agora?

Aquela “farra” de 1% a.m. acabou. Restam os saldos, cinzas e saudades.

Mais do que nunca, é essencial diversificar, migrando da renda fixa para a variável.

Aumentar a exposição ao risco, numa época de crescimento real da bolsa pode trazer de volta a rentabilidade. O IBOVESPA já acumula quase 17% esse ano e conta, apenas, com empresas sólidas, com grande participação no mercado e consequentemente, liquidez elevada.

Claro que, ao tocar na renda variável, a palavra “risco” aparece, escrita com letras garrafais, grifada e em vermelho.

Gerenciar riscos, no mercado financeiro, exige conhecimento, pesquisa, trabalho e vigilância.

Seu dinheiro é o fruto de seu trabalho e, às vezes, a criação de um colchão de garantia para complementação para sua aposentadoria ou simplesmente reserva para caso de necessidade.

Investi-lo para fazer com que trabalhe para você, a partir de agora, não é mais coisa para amadores. Não basta “pedir para aplicar” sem saber sequer onde ou em que, nem se admite mais ter relação superficial com seu próprio dinheiro.

Não é necessário, por outro lado, uma vida de “trader”, aquelas pessoas que buscam rentabilidade em operações curtas na bolsa, aproveitando oportunidades de compra e venda para especulação, e que passam o dia todo monitorando os índices para “pular de barco” na 
melhor oportunidade.

É necessário apenas reservar um pouco mais de seu capital, para montar uma carteira global que contemple produtos financeiros em renda variável, acreditando no longo prazo com objetivo de ter retornos mais elevados, na média entre as carteiras de RV (renda variável) e RF (renda fixa).

Assim como automedicação não contribui para que você seja saudável, financeiramente, agir sem ajuda profissional nem conhecimento adequado, certamente será prejudicial à saúde de seu bolso. Procure conhecimento, aprenda, procure especialistas de sua confiança, que possam assessorar sua vida econômica e pavimentar a estrada que leva a seus sonhos.


O futuro chegou, com seus novos paradigmas e desafios.


Que seja Bem Vindo.



Clovis Vieira
02 de agosto de 2019

Aqueles 1%

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